quarta-feira, 11 de junho de 2014

A chupeta e a minha sensação de "menas" mãe.


Chupeta é um assunto de extrema polêmica no universo materno e, hoje, com muita dor no coração, e em tom de desabafo, vou assumir o meu lado "menas" mãe, pra vocês: o meu filho chupa chupeta. 
- Ahhh, relaxa. Isso não é o fim do mundo!
Relaxa uma ova! Pois dar a chupeta foi o extermínio do meu sonho da maternagem perfeita. E por causa desse pedacinho de borracha, eu chorei copiosamente por noites a fio, pensando na péssima mãe que eu estava sendo para o meu filho. 
Eu nunca achei normal uma criança com chupeta na boca. Acho feio e totalmente inútil. 
Sei que nada justifica o uso dela, mas, quando o Joaquim nasceu, ele já chupava (e com muita força) não só o dedinho, mas a mão inteira, o braço... e assim ele ficava cheio de manchas roxas pelo corpo. Ver o meu bebê cheio de chupão não era legal e, juntamente com a pressão da família e as inseguranças, a mamãe de primeira viagem que vos fala, cedeu ao drama generalizado. 
Me culpo, e muito. Eu não queria ter dado, mas não aguentei a pressão psicológica. E hoje, sofro com o dilema de não saber como eliminar esse hábito. 
Meu filho já está com 9 meses. É um bebê extremamente oral, ou seja, mama muito, come muito, fala muito e leva tudo MUITO à boca (e eu não o privo de experimentar o mundo dessa forma). A chupeta, por sua vez, é infelizmente um dos prazeres que ele não está vivendo sem, mas ela tem uso controlado por mim, restrito às horas de dormir. E isso é o que me faz acreditar que, TALVEZ, eu não seja tão "menas" assim. Não uso a chupeta como um cala boca e sou a favor de acalmar o meu filho oferecendo o meu seio e o meu abraço. 
A sucção não nutritiva é um péssimo hábito para qualquer criança. Ela traz problemas de desenvolvimento do trato respiratório, oral e facial, e ainda deixa nossos bebês dependentes e com cara de bobos. Eu adoraria poder voltar atrás e fazer diferente. Não curto chupeta, não incentivo o uso e luto para que o meu filho largue logo dela. Porém, uma vez, lendo um dos muitos blogs e artigos que tenho acesso diariamente me deparei com algumas falas de Freud (sim, ele mesmo, o rei da psicanálise) que diziam muito sobre a tal "fase oral". Me confortou ler que, essa etapa do desenvolvimento (que dura em média um ano e meio desde o nascimento) deve ser muito bem resolvida pela criança e sem interrupções precoces. O que eu entendi disso? Bom, a meu ver, assim como o desmame abrupto, a retirada da chupeta de forma repentina, sem respeitar o tempo da criança, pode trazer consequências futuras.  Acredito que, se há o uso da chupeta, o mesmo não deva anular a experimentação do bebê, pois ele precisa conhecer as coisas do mundo por essa via. Eu não gostaria que meu filho se tornasse um adulto preso à sua fase oral, viciado em cigarros, bebidas ou comida, por exemplo. Talvez Freud tenha me trazido uma faísca de conforto mas, bem no fundo, eu não consigo eliminar a sensação de falha.
Tenho sorte do meu filho adorar mamar, nunca ter feito confusão de bicos e não demonstrar sinais de desmame precoce. Acho que isso também é consequência do controle que eu imponho sob o uso da chupeta por aqui. Mas minha vontade é de pegar a única que ele tem e isolar para o universo. Rsss. 

Vamos então listar alguns dos danos reais causados pela chupeta (com base em evidências científicas e retirados de um artigo da maravilhosa Andreia Stankiewiczcirurgiã-dentista especialista em odontopediatria e ortopedia funcional dos maxilares, membro do Núcleo de Estudos em Ortopedia dos Maxilares e Respiração Bucal ): 
(Neste momento me dispo de qualquer orgulho para assumir a minha enorme cagada e arcar com as possíveis consequências que ela pode trazer).

Então vamos a elas: 

. A chupeta interfere negativamente sobre a amamentação.
A confusão de bicos que tanto se ouve falar é explicada pelo fato de a musculatura ser trabalhada de forma diferente quando ocorre a sucção de um bico artificial. Há uma perda de tonicidade e a postura muscular alterada faz com que o bebê não consiga manter a pega perfeita na hora de abocanhar o seio para a amamentação. Isso pode causar fissuras nos bicos dos seios e diminuição da produção de leite, devido a procura reduzida do bebê. 

. Prejudica a maturação funcional do sistema estomatognático.
Ela atrapalha na fala, deglutição, mastigação e respiração da criança. No entanto, podem surgir deficiências de dicção, desenvolvimento de uma voz anasalada ou rouca, mastigação alterada (o que interfere nas articulações das mandíbulas), deglutição prejudicada e problemas respiratórios, alterando a respiração de nasal para bucal. A literatura científica, no entanto, apresenta um consenso de que, quanto mais cedo esse hábito for retirado, menores serão os danos. 

.Causa deformações na boca e face.

Os ossos da face se desenvolvem de forma desarmônica. A arcada dentária sofre estreitamento e os ossos nasais culminam em um desvio de septo, prejudicando a deglutição, fala, mastigação e respiração, como dito anteriormente. Esse processo de deformação, que será maior em uns e menor em outros, dificulta o tratamento de patologias como sinusite, otite, amigdalite, etc, além de, esteticamente, provocar o não desenvolvimento do queixo da criança.

. Provoca maloclusão dentária.
Crianças com hábito de sucção não nutritiva têm 12 vezes mais chance de desenvolver problemas oclusais, ou seja, de fechamento das mandíbulas (mordida). Mais de 70% dessas crianças apresenta algum problema dessa natureza.

. Provoca a Síndrome do Respirador Bucal. 
Quando a respiração bucal da criança afeta o seu desenvolvimento, seu organismo responde como um todo. O ar que é inspirado pela boca não passa pelo processo de filtragem, aquecimento e umedecimento (como acontece quando inspiramos pelo nariz). Essa deficiência deixa o sistema respiratório mais vulnerável a doenças diversas. Além disso ela desenvolve alterações físicas, problemas nutricionais e de crescimento, alterações no sono (ronco, apnéia, pesadelos, bruxismo, etc), problemas posturais, comportamentais e emocionais (como falhas no aprendizado, ansiedade, fobias, impulsividade, agitação, cansaço, baixa auto-estima, dentre outros). 

Outras considerações:
  1.  Não existem bicos artificiais que se comparem ao bico do peito de uma mãe. A textura, a forma e a função são totalmente diferentes.
  2. A chupeta não é menos nociva que o dedo. Os danos da sucção prolongada de ambos são bem semelhantes. A sucção do dedo, contudo, se assemelharia mais ao peito por ter calor, odor e consistência mais parecidos com o do mamilo e pela posição que ele fica dentro da boca.
  3. Os bicos ortodônticos prejudicam mais que os convencionaisEmbora sejam potencialmente menos nocivos em relação às alterações dentárias, chupetas ortodônticas mantêm o dorso ainda mais elevado e a ponta da língua ainda mais baixa e mais posteriorizada do que o bico comum.
  4. A sucção não nutritiva é um hábito de difícil remoção. E essa remoção se feita de forma repentina ou abrupta pode gerar efeitos psicológicos complexos e difíceis de mensurar, levando à substituição por hábitos de sucção de dedo, lábio, língua, onicofagia (roer unhas) ou outros. Esses hábitos podem ser substituídos ao longo da vida por comer, fumar ou outros transtornos compulsivos, segundo a teoria psicanalítica (freudiana).
  5. O primeiro ano de vida do bebê é um período crítico para o seu desenvolvimento, de metabolismo ósseo acelerado e aprendizado/maturação de funções vitais, o que torna a presença de estímulos patológicos ainda mais agressiva. Portanto esqueça que, se a chupeta for retirada antes de determinada idade, não haverá problema nenhum para o seu bebê. 
  6. "Chupetar" peito não existe! No peito o seu filho mama. Ele está sugando, está em contato íntimo com você, sentindo o seu calor e o seu carinho, fazendo todas as trocas afetivas e vivenciando as sensações orgânicas daquele momento. Portanto, exclua esse termo do seu vocabulário se o seu filho não está com uma chupeta na boca, e sim o seu seio.
  7. A chupeta não previne a Síndrome da Morte Súbita Infantil. Muito pelo contrário, estudos já mostraram que a amamentação, sim, reduz esse risco em 50%, em todas as idades. E se a chupeta favorece o desmame, devemos pensar mais sobre esse aspecto, não é mesmo? 
  8. Não existem evidências de que a chupeta diminui a incidência de refluxo gastro-esofágico.
  9. Como qualquer outro objeto levado à boca, a chupeta pode servir de veículo para infecções diversas, além de ser feita de material sintético que, em contato com a saliva do bebê pode trazer riscos à saúde, pelo seu processo de volatização. 
  10. Por fim, lembre-se sempre: a necessidade de sucção do bebê deve ser suprida no peito!
Diante disso tudo que foi dito nessa postagem, concordamos que esse pequeno pedaço de borracha que tanto conforta os bebês, é totalmente desnecessário e faz mal SIM. 
Eu, por minha vez, continuarei controlando o uso e rezando pra que o Joaquim logo largue esse hábito, para que ele não sofra tanto as consequências e o meu sentimento de "menas" mãe seja esquecido, kkkkkkk. 

Bom, espero que essas informações, mesmo que básicas, junto com a minha experiência nada exemplar, sejam úteis. 
Chupeta não tá com nada! 

Continuem enviando sugestões de postagens e comentando. 
Obrigada por lerem até aqui. 

Namastê.